27 de abril - Nessas segundas de abril

27.4.05

Nessas segundas de abril

Lamentar. Como ouvimos essa palavra? Reclamação? Lamúria? Murmuração? Não precisa ser nada disso. Lamentação, no sentido da história e da espiritualidade biblica, judaico-cristã, é um desabafo da alma atribulada perante Deus, aquele que, em última análise, é o único que nos entende e é capaz de nos ouvir plenamente. Os profetas lamentaram assim, sobretudo Jeremias, gigante de Deus. O Salmista praticou essa disciplina (!) espiritual de modo escancarado e constante. Metade dos salmos tem essa característica. É só ler com atenção o saltério. Ana lamentou com e sem palavras, " estou derramando minha alma diante de Deus" , ela disse ao velho sacerdote Eli, já insensível e inapto. Jó fez um pequeno tratado sobre a arte perdida de ser verdadeiro diante de Deus - lamentando a dor e o sofrimento sem sentido. Jesus o fez sobre Jerusalém, sobre nós. Paulo, é só ler a Segunda Carta a Timóteo, desbafou sobre as frustrações do ministério, sua solidão, seu sofrimento nos anos finais.

Ninguém morre por lamentar diante do Deus Amoroso e Triúno. A gente morre se calar a dor, empurrando-a para fundas e movediças camadas do inconsciente. Depois, algum dia e de algum modo, ela vai sair. Melhor sair pela boca. Num lamento-oração.

A letra da canção abaixo é assim, um lamento. Deus nos entende. Ele aguenta. Ele é um Pai que sabe ouvir. Ele é Bom.

Vosso servo, Pr. Gerson


Nessas segundas de abril
( Gerson Borges )

" Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera..."

- T.S. Elliot, poeta cristão anglo-americano, em A Terra Desolada,
considerado o maior poema do século XX.

" Quero trazer à memória
o que pode me trazer esperança:
as misericórdias do Senhor
São a causa de não sermos consumidos ".

Lamentações de Jeremias, Antigo Testamento



Nessas segundas de abril
Tenho me perguntado
Onde meu riso caiu
E eu poderia ter juntado
Restos de vida no chão,
Pedaços de alegria
Que me fariam tão bem relembrados
Nessas segundas de abril.

Nessas segundas de abril
Tenho dormido cedo
Parece meio infantil
Mas Noite Escura mete medo
Tento sonhar com o Sol
- Sonhar é um exercício
Que me faria tão bem praticado
Nesssas segundas de abril.

Nessas segundas de abril
Tenho relido cartas,
Visto retratos de mim
Quando esperanças eram fartas
É, não nos falta aflição
Onde estarão os meus amigos?
Que bom seria poder abraçá-los
Nessas segundas de abril.

Nessas segundas de abril
Minha oração pequena
Tem sido " Filho de Deus,
Mostra-me ainda vale a pena
Não desistir do que é bom
Pois o deserto não dura..."

Que bom seria poder encerrá-lo
Nessas segundas de abril.


Anônimo disse...

Os desertos parecem intermináveis, estava observando isso num desses programas tipo discovery, ms eles terminam, ah terminam...
Penso q a graça de Deus não nos deixará perecer no deserto.
Outro dia estava meditando num tempo de alivio desde q conheci a Jesus de verdade, e corajosamente qeridos eu digo q não encontrei, ms posso dizer a qm quiser ouvir q, o q me atrai é a certeza de que passa tudo, só qm não passa é Jesus, sua palavras continuam vivas, e continuarão sempre.
Nem q viva até o meu último dia no deserto, apenas rogo ao Senhor q a chama viva de q com ele andarei nas ruas de ouro lado a lado não se apague, nunca se apague.
Lá não haverá dor, tristeza ou engano, lá somente o amor irá reinar. . . Sigamos com esse pensamento qeridos!

Anônimo disse...

Amados, que delícia poder ouvir vocês...APESAR DO DESERTO HÁ ESPERANÇA! ALELUIA!
E é justamente nela que devemos nos apegar...nunca deixar de ver a coluna de fogo à noite ou deixar de valorizar o maná a cada manhã...apesar do deserto.
Penso que depois de conhecer o melhor de Jesus, este amor incondicional, nada nos fará recuar ao velho homem...nem mesmo infindáveis desertos. Porque nada se compara à dor de olhar no espelho e não ver nada novo...e lembrar daquilo que fomos, cativos no Egito!
Liberdade tem sabor de dor, de areia e sal...mas existe um oásis a nossa espera...Nova Jerusalém...onde ouviremos o mestre chamar - "Vinde Benditos de meu Pai...!!! Podem imaginar este cena????
Nunca devemos esquecer quem somos e quem é nosso Pai, jamais...
Beijos carinhosos

Gerson Borges disse...

É isso mesmo, amados Neide e Eli, bons amigos : quem somos e quem Deus é. Que não percamos isso de vista. Nem " Nessas segundas de abril..."

Gerson

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